Em entrevista concedida à Rádio USP, Erminia Maricato, fundadora do LabHab e professora da FAU-USP, destacou a urgência de uma política pública voltada à mobilidade sustentável nas grandes cidades brasileiras. A entrevista, intitulada “Mobilidade sustentável reduz poluição e atua contra a mudança climática”, está disponível no site do Jornal da USP.
Segundo Maricato, o principal problema da mobilidade urbana em São Paulo é a hegemonia do automóvel particular sobre os modos coletivos de transporte. “O nosso problema é diminuir as viagens de carro, sem dúvida nenhuma. A fórmula é transporte coletivo, tirar carros de circulação, melhorar o transporte coletivo para tirar automóveis de circulação. É muito óbvio que vai melhorar a qualidade do ar, e aí você tem menos emissão de gases de efeito estufa”, defende a professora.
Dados do Inventário de Emissões Atmosféricas do Transporte Rodoviário de Passageiros no Município de São Paulo (2017) mostram que os automóveis são responsáveis por cerca de 73% das emissões de gases de efeito estufa na cidade. Esse cenário torna a discussão sobre mobilidade não apenas uma questão de qualidade de vida urbana, mas também de sustentabilidade.
A Rádio USP também ouviu Lucas Eduardo Araújo de Melo, doutorando em Engenharia de Transportes pela Poli-USP, que destacou a importância de pensar a sustentabilidade de forma integrada ao planejamento urbano. Para ele, adotar soluções como o transporte público, sobretudo se movido a eletricidade limpa, contribui diretamente para a redução de congestionamentos, da poluição sonora e da emissão de gases poluentes.
Ainda de acordo com Melo, a expansão dos veículos elétricos deve ser acompanhada de um olhar crítico sobre a matriz energética. “Não adianta a gente ter uma frota enorme de veículos elétricos, enquanto as fábricas que são utilizadas para construir são baseadas em usinas de produção de energia elétrica em carvão, em óleo diesel, porque elas são tão poluentes quanto. A gente só está retirando o foco da poluição”, alerta.
O relatório Tendências Tecnológicas da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (Ompi), citado na matéria, aponta um crescimento de 700% nas inovações voltadas ao transporte sustentável nos últimos 20 anos, o que revela um avanço tecnológico importante, mas também a urgência em rever os modelos de mobilidade nas cidades.
Para Maricato, a prioridade deve ser a construção de uma política pública que articule transporte e uso do solo, com foco na coletividade: “O aspecto principal é uma política que seja pública, que tenha uma consonância com uso e ocupação do solo, com o crescimento da cidade, que dê maior prioridade ao transporte coletivo, especialmente transporte de Metrô, ferroviário e ônibus por corredores.”
Confira a entrevista completa, acesse: jornal.usp.br/radio-usp/mobilidade-sustentavel-reduz-poluicao-e-atua-contra-a-mudanca-climatica