Erminia Maricato
Profa. Titular da USP, secretária de Habitação e Desenvolvimento Urbano do Município de São Paulo (1989 – 1992) e Secretária Executiva do MCidades (2003 – 2005). Participou da criação do MCidades (2003) e coordenou a Política Nacional de Desenvolvimento Urbano (até 2005)
Tomamos emprestada a expressão de José de Souza Martins, “A terra é um nó na sociedade brasileira”. O autor se refere à terra rural e nossa análise se aplica à terra urbana. Este texto contém adesões de outro artigo de minha autoria, que foi publicados no livro “Metrópole na periferia do capitalismo”, citado na bibliografia.
A invasão de terras urbanas no Brasil é parte intrínseca do processo de urbanização. Ela é gigantesca, como pretendemos mostrar aqui, e não é, fundamentalmente, fruto da ação da esquerda e nem de movimentos sociais que pretendem confrontar a lei. Ela é estrutural e institucionalizada pelo mercado imobiliário excludente e pela ausência de políticas sociais. No entanto, a dimensão e os fatos são dissimulados sob notável ardil ideológico. Neste texto vamos abordar algumas características do processo de urbanização brasileiro – o notável crescimento de favelas nas duas últimas décadas -, avaliar suas consequências sócio ambientais, entre as quais está a explosão da violência urbana. Em seguida, procuraremos entender porque fatos tão evidentes são ignorados pela sociedade, o que possibilita atribuir às lideranças populares do campo democrático a responsabilidade por aquilo que é resultado de um processo alimentador da desigualdade social e da concentração de terra, renda e poder.
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