O centro de São Paulo: que futuro para a habitação?

Helena Menna Barreto Silva

O principal objetivo deste paper é analisar as possibilidades e limites para a permanência e ampliação do uso residencial na área central de São Paulo, especialmente para as famílias de baixa renda .

Quando falamos do Centro de São Paulo, estamos nos referindo ao núcleo inicial da cidade e ao conjunto de bairros adjacentes que são reconhecidos como centro histórico. Todos eles foram densamente ocupados por atividades e residências na primeira metade do século XX e hoje apresentam redução da população e do valor imobiliário. A área de maior interesse para a habitação social inclui, basicamente, os atuais distritos censitários da Sé, República, Santa Cecília, Liberdade, Parí, Cambuci, Brás, Barra Funda, Belém, Bom Retiro e Mooca, além de partes dos distritos da Consolação e Bela Vista.

Segundo opinião unânime dos urbanistas, o centro de São Paulo constitui atualmente uma área extremamente adequada para a habitação, especialmente para os milhares de pessoas que ali trabalham. Possui infra-estrutura de saneamento, energia, telefones, grande oferta de transporte público, equipamentos coletivos, comércio e serviços. O documento preparado para o projeto de Plano Diretor em 1991 já apontava para a necessidade de fortalecer a função residencial do centro, mesmo porque a diferença na utilização da infraestrutura instalada é de 400% entre o dia e a noite. O aumento da oferta habitacional no centro permitiria reduzir a pressão sobre o sistema metropolitano de transportes, otimizar a infra-estrutura e os equipamentos já instalados e evitar que a cidade continue a se expandir ou adensar-se em áreas com precariedade de infra-estrutura, especialmente sobre áreas de proteção ambiental. No entanto, a população do Centro vem se reduzindo, conforme constatado pelos censos do IBGE desde 1970. Ao mesmo tempo, a população de áreas periféricas – onde faltam todos aqueles benefícios – continua crescendo a taxas assustadoras.

A degradação dos espaços públicos, em grande parte ligada às intervenções viárias, tem sido responsabilizada pela fuga das famílias de classe média, contribuindo para esvaziamento e abandono de edifícios. Por outro lado, além do descaso das administrações municipais, muitas ruas deixam a nu um quadro que resulta da situação econômica do país: desemprego, crianças e jovens sem alternativas de estudo ou lazer, moradores de rua, que vêm para o Centro porque aqui são mais visíveis e mais próximos das suas soluções de sobrevivência.

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