João Sette Whitaker Ferreira
Doutorando pela FAUUSP, pesquisador do Laboratório de Habitação e Assentamentos Humanos / LabHab-FAUUSP, professor de Planejamento / FAUUSP, de Projeto Arquitetônico / UNISANTA (Santos), e do Mestrado Profissionalizante do IPT
O termo globalização tornou-se hoje comum, após ser abundantemente empregado na década de 90 pelas classes dominantes brasileiras e pela grande mídia, e transformado de forma interesseira em sinônimo de “modernidade e progresso”. Na verdade, esse fenômeno nada tem de novo, e nem representa modernidade, muito menos para os países do Sul. Por trás desse mito , o que aparece é apenas um termo cunhado para rotular (mais) um processo de ajuste estrutural da “economia-mundo capitalista” frente a uma nova crise, processo este com profundas conseqüências políticas, sociais e culturais.
A partir da década de 70, as transformações decorrentes da chamada “Revolução da Informática”, passaram a influenciar significativamente nas estruturas de funcionamento da economia mundial, em especial em áreas como as comunicações, os transportes, e o próprio processo produtivo. Somadas a aspectos conjunturais específicos, essas transformações exacerbaram a transnacionalização e a financeirização do capital, reequalizando as relações espaço-tempo (Harvey,1992) e rompendo o equilíbrio da florescente economia mundial do Pós-Guerra, que havia sido garantido nos acordos de Bretton-Woods (Sampaio Jr.,1999).
Paradoxalmente, a crise de que falamos se dá por um lado por causa do surgimento de novos padrões tecnológicos e organizacionais que romperam a lógica de produção fordistataylorista e por outro pela desindustrialização e desemprego que esses mesmos padrões provocaram. A informatização elevou a produção a níveis nunca vistos, ao mesmo tempo que instaurou um processo de substituição da mão-de-obra pela máquina, fazendo com que o sistema capitalista mundial esteja produzindo cada vez mais sem empregar, e consequentemente sem ter a quem vender. Pelo fato do capitalismo contemporâneo se basear justamente na generalização da forma-mercadoria (Deák,1991), esse paradoxo elevou a concorrência e a competitividade à condição de elementos-chave do sistema. Por isso, a formação de blocos econômicos foi uma primeira saída para enfrentar a escassez de mercado, protegendo e dinamizando os mercados intra-blocos e aumentando o poder de inserção concorrencial inter-blocos.
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