Saúde pública e moradia popular: áreas de contato entre campos do conhecimento e ação

Os professores Caio Santo Amore e Karina Leitão e o mestrando Heitor Seemann escreveram artigo “Saúde pública e moradia popular: áreas de contato entre campos do conhecimento e ação”. O texto, publicado em junho de 2020, está disponível na seção Reflexões na Pandemia da revista Dilemas.

O texto escrito pelos pesquisadores do LabHab teve como base discussões realizadas junto a um grupo de técnicos e pesquisadores do Laboratório de Habitação e Assentamentos Humanos (LabHab), da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP), e da ONG Peabiru envolvidos na Rede Atlas das condições de moradia e experiências de assessoria técnica popular. a relação entre saúde pública e as condições de moradia em assentamentos e territórios populares.

“É momento de reinventar relações entre urbanismo e sanitarismo, por meio de uma matriz socioambiental em busca de justiça social”.

Santo Amore, Seemann e Leitão (2020)

Conforme apontam os autores, “cabe disputar percepções sobre a história urbana no Brasil, de forma a não romantizar ou saudar o passado sanitarista e reconhecer que as violências de Estado, assim como os recursos em geral, são desigualmente distribuídos, social e territorialmente. Revisitar o higienismo no urbanismo no mundo ocidental pressupõe entender a perversidade social que ele engendrou mediante a destruição violenta de casas e modos vida”. Os autores apontam que é momento de reinventar relações entre urbanismo e sanitarismo, por meio de uma matriz socioambiental em busca de justiça social.

Caio, Heitor e Karina também alertam que, “a despeito do recente olhar surpreso da opinião pública sobre as condições de vida das classes populares, é preciso compreender que as desigualdades socioespaciais já estavam estruturadas em uma sociedade que gerou riquezas mediante a reprodução de uma vida desigual nas cidades”. Ao final do texto indicam que “se o passado ensina sobre o modo como a cidade e a sociedade foram estruturadas, é a pandemia do presente, com sua alta transmissibilidade, que deve ser tomada como o problema, e não a forma como moram os pobres. As necessidades de que esses modos de morar sejam melhorados não são dadas por causa dos riscos de contaminação, mas porque morar dignamente é direito humano”.

A seção Reflexões na Pandemia – que já conta com mais de 50 publicações – traz à tona análises de conjuntura, contribuições para a compreensão do contexto brasileiro e internacional, experimentações do pensamento, ensaios, pesquisas, depoimentos — e tudo isso, em meio ao turbilhão dos acontecimentos relacionados à pandemia da Covid19. Os organizadores da seção indicam que é o momento de refletir sobre o processo que transcorreu, de explorar as questões que ficaram de fora da pauta, de acolher novos questionamentos, de reformular o que foi dito e escrito, de vislumbrar os traços, ainda opacos, de um mundo pós-pandemia. Exatamente porque a crise continua – desvelando seus efeitos políticos, sanitários, econômicos e sociais –, a seção se coloca como contribuição para que leitoras e leitores pensem suas vidas perante as novas incertezas colocadas diante de todos nós.

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