João Sette Whitaker Ferreira
Arquiteto-urbanista (FAUUSP) e economista (PUC/SP), mestre em Ciência Política (FFLCH-USP) e doutorando na FAUUSP. Professor do Grupo de Disciplinas de Planejamento Urbano do Departamento de Projeto da FAUUSP
Este artigo apresenta uma análise crítica da palestra proferida em maio de 2001 por Pierre Calame, presidente da Fondation Charles Leopold Mayer Pour le Progrès de l’Homme (França), junto ao Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, sobre o seu livro “A questão do Estado no coração do futuro”, recentemente lançado no Brasil.
O livro propõe uma reflexão em torno do tema da governança, do qual o autor é um conhecido defensor em seu país. Para ele, trata-se de uma resposta à necessidade de reestruturação dos mecanismos de funcionamento da administração pública face aos novos paradigmas do pós-fordismo. As dinâmicas de diversidade e interdependência das sociedades mundializadas impõem a criação de novas esferas de administração que se aproximem da realidade e permitam a tomada de decisão co-responsável por parte de todos os atores sociais, dando lhes a possibilidade de autodeterminação do destino de sua sociedade.
Apesar do aspecto universal e internacional que o autor dá a essas idéias, este texto propõe uma reflexão cautelosa acerca da eficácia de sua transposição para a realidade específica brasileira e suas formas particulares de estruturação de uma sociedade desigual na qual o Estado serve antes de tudo como instrumento histórico de hegemonia das classes dominantes. Ainda assim, o artigo busca ressaltar os aspectos positivos dessas idéias, que podem ser úteis para aqueles que se vêem à frente de governos populares e têm que lidar com um aparato estatal corrompido e desvirtuado de suas funções.
ARQUIVOS PARA DOWNLOAD |
Download do Artigo (PDF | 190Kb) |