Maria Lucia Refinetti Martins
Professora Titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo
As opções de modelo econômico assumidas por uma grande parte dos países nas últimas décadas privilegiam, em diferentes medidas, o mercado como força reguladora, mais do que o planejamento estatal. Sustentando ser a acumulação privada o potencializador do desenvolvimento e da prosperidade, tal modelo resulta em ser concentrador espacial e de renda, desde o nível local ao internacional e global.
Isso vem transformando o território numa rede de pontos formada pelas grandes cidades – que se articulam diretamente, estabelecendo entre si um sistema de fluxos, onde os diversos pontos acabam competindo entre si no objetivo de atrair investimentos e ampliar seu peso e raio de ação. Essa rede de pontos é menos densa e mais frágil, com menores condições de competividade nos países periféricos e mais ainda nas áreas mais pobres desses países.
O presente trabalho tem por objetivo discutir as condições de desenvolvimento e inserção no atual quadro econômico e de divisão social do trabalho das metrópoles de países em desenvolvimento, e as diferentes estratégias que essas cidades vêm adotando para melhorá-las. Países, cidades e regiões, na perspectiva de serem competitivos, adotam estratégias de oferecer aos potenciais investidores condições atrativas: renúncia fiscal; oferta de infraestrutura a baixo custo, disponibilização de fatores diferenciados, oferta de serviços especializados, cuja provisão passa a ser privilegiada. Para viabilizarem-se tais iniciativas é necessário, no entanto, que essa opção consiga angariar o acordo da sociedade – o “sacrifício” de hoje, por um futuro supostamente melhor – sobrepondo-se aos diferentes projetos, expectativas, interesses e conflitos dos diversos setores sociais e econômicos.
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