Um livro, uma plataforma e um colóquio dedicados a construir menos, reformar mais

Em 24 de outubro de 2025, realizou-se, na sede da Pós-Graduação da FAU-USP, um colóquio dedicado ao tema das melhorias habitacionais – assunto ao qual o LabHab, o INCT Produção da Casa e da Cidade e a assessoria técnica Peabiru vêm se dedicando, em parceria com outras assessorias, como Mola e Fio, além da Prefeitura de Diadema e movimentos de moradia.

O evento debateu a agenda pública de melhorias a partir de diferentes perspectivas: político-programática, institucional-financeira e projetual-executiva. O grupo organizador apresentou resultados de suas investigações e convidou representantes de experiências nacionais a discuti-los junto a uma plateia qualificada. Estiveram presentes representantes dos governos federal, estaduais e municipais, assessorias técnicas, pesquisadores e estudantes.

Também foram divulgados os resultados da primeira especialização realizada na FAU-USP sobre o tema das melhorias habitacionais, a HABITATHIS, desenvolvida em cooperação técnica com a Prefeitura de Diadema e a Peabiru. A partir desse trabalho, foram elaborados 300 projetos para casas do assentamento popular diademense Gazuza, que serão contempladas por obras do programa federal Periferia Viva.

Outro destaque do colóquio foi a apresentação da versão preliminar de uma plataforma digital dedicada a repertoriar problemas e soluções para reformas habitacionais, baseada nas experiências acumuladas pelos parceiros em Diadema e em cerca de vinte ocupações de moradia em edifícios do centro de São Paulo. O projeto da plataforma AMH (Acervo de Melhorias Habitacionais) está sendo desenvolvido pela Peabiru e pelo Escritório de Pesquisa e Extensão em Moradia Popular da FAU-USP, com acervo técnico cedido pelas assessorias Mola e Fio, apoio financeiro do CAU-SP e fomento da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da USP, que concedeu bolsas a estudantes de graduação. O repositório busca inventariar alternativas projetuais recorrentes e complexas, para as quais ainda há poucas referências catalogadas.

O colóquio foi marcado por debates sobre os desafios atuais das reformas do expressivo estoque habitacional autoconstruído ou auto-reformado no país. Diante do persistente dilema entre produzir novas moradias ou reformar as existentes, em que a primeira opção é historicamente privilegiada, o grupo defendeu a importância das melhorias, em nome da segurança, da habitabilidade e da salubridade. Essa posição foi sintetizada nas palavras de André Silva, liderança do Movimento em Defesa dos Favelados (MDF):

“O que é inadequação para o governo federal, na favela, é capital construído. Por isso não há como fugir da defesa da urbanização global.”

Vários participantes do colóquio já se preparam para uma nova reunião de articulação nacional, organizada pelo IPEA em parceria com o Ministério da Saúde, prevista para novembro deste ano. O encontro debaterá uma agenda nacional voltada a ampliar a escala das melhorias habitacionais no país, integrando-as a programas de urbanização e reforma de forma integral e com subsídio total aos moradores.

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